domingo, 29 de janeiro de 2012

Voz interior


Livre, poeta, livre!

A noite é o teu Jardim das Oliveiras:
Ninguém te vê, nem ouve, nem pressente.
Dormem os inimigos
E os amigos.
Corre, e canta a correr, água corrente!

Purifica o teu espírito mortal
Numa decantação de melodias.
Estrema o oiro do bem das areias do mal,
O oiro que te vem do fundo das galerias…

E quando a luz do sol chegar de novo,
Entrega ao desespero do teu povo
O poema de amor que lhe fizeste:
Meia dúzia de versos, que serão
Uma espécie de pão
Celeste.


M I G U E L  T O R G A

5 comentários:

  1. Torga sempre excelente.
    Um abraço e uma boa semana

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  2. É sempre encantador, rever Miguel Torga!!!

    Um forte abraço, Petrus,
    da Lúcia

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  3. Passei. Como já tinha comentado deixo um abraço e votos de bom Domingo

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  4. "Corre, e canta a correr, água corrente!"
    maravilhosa imagem!

    adoro Miguel Torga, sempre muito bom relê-lo.
    beijinho grande, Petrus
    e bom fim de semana!

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  5. Poético, sem dúvida!
    Não lhe conhecia este...

    Uma Páscoa Feliz!

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