Sábado, de manhã, o filho mais velho manifestou vontade de se
despedir da avó antes de embarcar para o estágio de intercâmbio universitário
em terras do brasil.
Nós - mãe, filho mais novo e eu -, aplaudimos, porque já tinha decorrido algum tempo desde a última visita à querida anciã.Estacionámos mesmo em frente ao prédio onde mora.
Subimos: o Proutsy é o primeiro a aparecer, recebe-nos aos saltos e latidos, sinais de enorme alegria.
Dirigimo-nos ao quarto (desde que veio do hospital, ocupa um quarto que não o do casal): estava deitada, à fresca e entretida a ler o folheto das promoções do supermercado mais próximo.
Não se mostrou muito admirada pela surpresa da visita: não estava para grandes conversas, respondendo às perguntas com frases curtas; a determinada altura, como é seu hábito, questiona o filho mais novo sobre o curso que vai escolher.
Enquanto decorre esse breve diálogo, dirijo-me ao quarto [ que era o do casal e, nos últimos tempos, acolhia apenas o meu sogro, razão pela qual, em família, se chamava "o quarto do avô"] -foi lá que lhe dei o último abraço : “esta é a última vez que nos vemos”, palavras que, na ocasião pareciam destituídas de sentido, mas, que, hoje, vejo como prenúncio do que, volvidos três dias, viria a acontecer.
Não sei explicar muito bem o que é que me impeliu para o compartimento; sei apenas que para mim era fundamental o regresso àquele espaço, rever as quatro paredes que constituíam o seu pequeno mundo [era ali que se refugiava, lia, cultivava o seu gosto pela música – aprendeu a tocar guitarra e acordeão, utilizando instrumentos musicais que ali tinha sempre à mão].
Eis senão quando, deparo com a porta fechada á chave. Mas porquê, se nada havia para esconder, antes pelo contrário, muito havia para lembrar, agarrar e aprender!?
Incrível: tantas vezes ali entrei, durante mais de vinte e quatro anos, nunca senti qualquer sintoma de rejeição.
Que estupidez, uma coisa daquelas!
“Não sei quem a fechou” – diz a querida anciã.
A Isabel, atónita, retorquiu: “Só poderia ter sido a… [não interessa dizer o nome].
Como estava próxima a hora do avião, despedimo-nos. No hall, o Proutsy ficou inconsolável, irrequieto, aos saltos, não nos largava.
“Está triste” – diz o filho mais novo, sensibilizado pelo estado do bicho.
Enquanto dizia adeus,
fiquei a pensar que o pobre animal sofria, não só pela nossa partida – já não é coisa de pouca monta -, mas também por terem fechado o quarto e, por via disso, impedido a visitação dos aposentos do velho amigo, onde sempre foi acarinhado!
Uma afronta
irreparável injustiça!
Nós - mãe, filho mais novo e eu -, aplaudimos, porque já tinha decorrido algum tempo desde a última visita à querida anciã.Estacionámos mesmo em frente ao prédio onde mora.
Subimos: o Proutsy é o primeiro a aparecer, recebe-nos aos saltos e latidos, sinais de enorme alegria.
Dirigimo-nos ao quarto (desde que veio do hospital, ocupa um quarto que não o do casal): estava deitada, à fresca e entretida a ler o folheto das promoções do supermercado mais próximo.
Não se mostrou muito admirada pela surpresa da visita: não estava para grandes conversas, respondendo às perguntas com frases curtas; a determinada altura, como é seu hábito, questiona o filho mais novo sobre o curso que vai escolher.
Enquanto decorre esse breve diálogo, dirijo-me ao quarto [ que era o do casal e, nos últimos tempos, acolhia apenas o meu sogro, razão pela qual, em família, se chamava "o quarto do avô"] -foi lá que lhe dei o último abraço : “esta é a última vez que nos vemos”, palavras que, na ocasião pareciam destituídas de sentido, mas, que, hoje, vejo como prenúncio do que, volvidos três dias, viria a acontecer.
Não sei explicar muito bem o que é que me impeliu para o compartimento; sei apenas que para mim era fundamental o regresso àquele espaço, rever as quatro paredes que constituíam o seu pequeno mundo [era ali que se refugiava, lia, cultivava o seu gosto pela música – aprendeu a tocar guitarra e acordeão, utilizando instrumentos musicais que ali tinha sempre à mão].
Eis senão quando, deparo com a porta fechada á chave. Mas porquê, se nada havia para esconder, antes pelo contrário, muito havia para lembrar, agarrar e aprender!?
Incrível: tantas vezes ali entrei, durante mais de vinte e quatro anos, nunca senti qualquer sintoma de rejeição.
Que estupidez, uma coisa daquelas!
“Não sei quem a fechou” – diz a querida anciã.
A Isabel, atónita, retorquiu: “Só poderia ter sido a… [não interessa dizer o nome].
Como estava próxima a hora do avião, despedimo-nos. No hall, o Proutsy ficou inconsolável, irrequieto, aos saltos, não nos largava.
“Está triste” – diz o filho mais novo, sensibilizado pelo estado do bicho.
Enquanto dizia adeus,
fiquei a pensar que o pobre animal sofria, não só pela nossa partida – já não é coisa de pouca monta -, mas também por terem fechado o quarto e, por via disso, impedido a visitação dos aposentos do velho amigo, onde sempre foi acarinhado!
Uma afronta
irreparável injustiça!
Histórias que marcam.
ResponderEliminarVotos de um óptimo Ano de 2017!
Abraço amigo!