terça-feira, 10 de outubro de 2023
quinta-feira, 15 de setembro de 2022
Lenta evolução
Na aldeia da minha infância, uma década antes do 25 de abril, pude constatar que uma parte da população sofria de enormes carências económicas, que impediam o acesso a boas condições de vida em geral, e, muito em especial, aos serviços de saúde. Portugal era, então, um país pouco evoluído, e, em relação à cultura, ficava muito aquém da média europeia (dizia-se na altura que Portugal tinha um atraso de 20 anos em relação a França!).
Decorridos 48 anos, "as coisas" estão melhor, mas... ainda há «bolsas» de pobreza na população que impedem o acesso ao mínimo exigível para a sobrevivência de um ser humano.
E na saúde continuamos com atraso! A pandemia da covid-19 encarregou-se de nos mostrar as dificuldades ainda existentes em determinadas franjas da população (que sobreviveram graças à caridade de instituições de solidariedade social e de voluntários ou grupos de formação espontânea que surgiram um pouco por todo o país). E no que toca à vacinação, e muito em especial à aquisição de vacinas, valeu-nos a UE (que tomou medidas abrangentes, a fim de impedir que os países mais frágeis, como o nosso, tivessem sido ultrapassados na corrida desenfreada para compra de vacinas junto dos laboratórios produtores).
Igualmente, neste verão, o estado a que chegaram as urgências de obstretícia indiciou a existência de graves problemas na saúde (inclusivé a morte de pelo menos um bébé e uma grávida, por falhas nos serviços de urgência).
Entretanto, o Governo anunciou um combate à crise na saúde, através de uma reforma legislativa que, infelizmente, ainda se mantém no papel [há dois dias foi conhecido um nome para o lugar de CEO do SNS, o qual é apresentado como um "salvador" da saúde! (lá continuamos nós dependentes de um D. Sebastião, que, como eterno desejado, deverá aparecer numa manhã de nevoeiro..., até quando?]. No dia de hoje ainda não se sabe se o referido milagreiro vai aceitar o cargo!?
A realidade é que o SNS está muito debilitado, situação que impede que o país dê passos seguros no rumo certo! Tenho para mim que o nível de desenvolvimento de um país se mede pelo estado da sua saúde pública. Ora, convenhamos que neste capítulo, não estamos bem (recentemente fomos ultrapassados por países anteriormente escalados em níveis inferiores, como é o caso dalguns paises de leste (emancipados da ex-URSS: v.g. a Lituânia). Isto coloca-nos num nível cada vez mais próximo da cauda da europa.
É certo que a saúde tem mostrado alguma evolução, todavia, parece que, em determinados sectores (v,g. as urgências), não há maneira de afastar velhos fantasmas impeditivos dum claro arranque para um futuro melhor.
E isto é preocupante: um serviço público deficitário, quer no campo dos recursos humanos, quer no campo das instalações e condições de trabalho!
Mais preocupante ainda é o facto de sabermos que, enquanto o serviço público vai marcando passo e/ou definhando, paralelamente, os privados (hospitais e seguros ligados á saúde) florescem cada vez mais. Isto é dito, e reiterado, por alguns profissionais da saúde, cronistas e fazedores de opinião na imprensa escrita e nas redes sociais, e até por alguns membros do partido que sustenta o Governo. Que paradoxo?!
Que país é este que não sabe cuidar bem dos seus? Uma tristeza!
quinta-feira, 2 de setembro de 2021
As árvores das ruas são para dar sombra e despoluir o meio urbano
(...) A quantidade de oxigénio (O2) necessária para a vivência saudável de um indivíduo da espécie humana num espaço urbano é correspondente ao oxigénio produzido por uma superfície foliar de 150 metros quadrados. Feitos os cálculos, verifica-se que cada indivíduo necessita, teoricamente, de 40 metros quadrados de espaço verde num ambiente urbano. Desta área, corresponderão, para cada habitante, dez metros quadrados de espaço localizado próximo da respectiva habitação, até um raio de acessibilidade de 400 metros, sendo os restantes 30 metros quadrados por habitante destinados ao espaço verde integrado na estrutura verde principal do agregado populacional. Não me parece que haja qualquer cidade portuguesa nestas condições, embora o Funchal seja, quanto a mim, a cidade portuguesa que mais se aproxima do espaço verde ideal num ambiente urbano e Viseu a cidade portuguesa com maior área relativa de artérias urbanas arborizadas. Actualmente, já existem amplos parques verdes urbanos em Portugal, como, por exemplo, o de Chaves, o da Boavista no Porto, o Parque do Fontelo em Viseu, o Choupal em Coimbra, o Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa, o Parque Urbano do Seixal e o Parque da Paz em Almada, o melhor deles todos, na minha opinião. Em vez de se diminuir a verdura nos agregados urbanos e arredores, ela tem de ser aumentada, de modo harmonioso e artístico, para que as cidades, vilas e aldeias sejam saudáveis. - citação do artigo publicado no jornal PÚBLICO, Domingo 11 de Abril de 2021, Jorge Paiva, Biólogo
sexta-feira, 6 de agosto de 2021
Último apeadeiro
A notícia veio no último jornal local (1Jul2021), sob o título “na mão de Deus”:
“Faleceu, no Oiteirinho, Manuel
Ferro Portugal, com 66 anos de idade, casado com Maria Antonieta Mendes. Era
pai de Adriano e de Celina Portugal.”
Assim que li o nome da minha terra natal, os olhos foram direitos à foto inserida no texto. De imediato assaltou-me a ideia de que poderia ser ele. Não queria acreditar… quem sabe? o jornal poderia ter sido induzido em erro! por vezes as fontes enganam-se! Mas o sorriso era único e inconfundível! Só poderia ser ele! o “Ferrinhos ” (alcunha que herdou do pai).
Conheci-o na
adolescência… um amigo fiel e leal desde a primeira hora.
Naquela época, eu, que tinha acabado de sair do Seminário, iniciava a aprendizagem duma nova vida; dava os primeiros
passos em liberdade, sem a protecção da instituição que me abrigara até ao
segundo período do sexto ano lectivo; foi muito importante ter um amigo como ele
!
Vêm-me à memória os bailes,
as idas à cidade tomar café (na aldeia ainda não havia este “pequeno luxo”), a festa
do povo, os discos da música ligeira francesa (Adamo, Michel Polnareff, etc.)
trazidos de Paris pelo pai.
Desde então, os encontros foram esporádicos, contudo o vínculo afectivo manteve-se sempre intacto.
Vivia tranquilo e convicto de que a vida dos amigos é eterna.
Até que surgiu a notícia. Que tristeza, a perda do Manuel Portugal (era assim que eu o tratava, porque percebi que ele não gostava da alcunha!).
Viria a casar com a prima
Hernanda.
Viviam-se tempos
difíceis, falta de oferta de trabalho. Por isso, e à semelhança da maioria dos
jovens naquela época, o Manuel emigrou para o centro da Europa, seguindo as pisadas do pai.
Ao fim de algumas décadas regressou definitivamente à aldeia que o viu nascer!
E lá se manteve o resto da vida.
Como foi possível a sua
partida? Tão novo! Custa acreditar que chegou a sua hora! mas… é a verdade da
vida! o reconhecimento de que é uma simples passagem!
Lembrei-me do Poeta: “todos somos passageiros num comboio de alta
velocidade…
O Manuel saiu no último
apeadeiro; imagino, a sorrir!
quinta-feira, 22 de julho de 2021
Bioterra: Arvoredo Público
Arvoredo Público
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Gonçalo Ribeiro Teles
O arquitecto morreu ontem!
O país está de luto.
Esperemos que o seu exemplo de vida venha a ser seguido!
domingo, 27 de setembro de 2020
Jornalismo de Excelência
Através do site da Imprensa Nacional Casa da Moeda tive conhecimento da recente criação do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva.
Congratulo-me pela excelente iniciativa, que vem homenagear o muito estimado e grande jornalista.
Ouvi falar dele desde os primeiros tempos do Expresso, jornal que abandonou a fim de fundar o Público, de que foi director anos e anos.
Os seus artigos cativavam pela qualidade, riqueza de conteúdo e beleza de estilo (devo dizê-lo sem receio) literário.
Nicolau Santos é o presidente do júri que atribuirá periodicamente o prémio em causa.
O site da INCM publicou as suas esclarecidas palavras sobre o homenageado: "foi o jornalista mais importante na imprensa escrita em Portugal desde o início de 60 até aos anos 90 do século XX e deixou uma marca incontornável no panorama editorial, com 3 projectos indissociáveis da luta pela liberdade, pela democracia parlamentar e pelo cosmopolitismo internacional e cultural: o Comércio do Funchal, a Revista do Expresso e o Público."
Concordo plenamente e julgo que, enquanto houver profissionais como ele (e creio que os haverá, pelo menos aqueles que integraram a escola Vicente), teremos mais hipóteses na construção duma sociedade livre e esclarecida.