A notícia veio no último jornal local (1Jul2021), sob o título “na mão de Deus”:
“Faleceu, no Oiteirinho, Manuel
Ferro Portugal, com 66 anos de idade, casado com Maria Antonieta Mendes. Era
pai de Adriano e de Celina Portugal.”
Assim que li o nome da minha terra natal, os olhos foram direitos à foto inserida no texto. De imediato assaltou-me a ideia de que poderia ser ele. Não queria acreditar… quem sabe? o jornal poderia ter sido induzido em erro! por vezes as fontes enganam-se! Mas o sorriso era único e inconfundível! Só poderia ser ele! o “Ferrinhos ” (alcunha que herdou do pai).
Conheci-o na
adolescência… um amigo fiel e leal desde a primeira hora.
Naquela época, eu, que tinha acabado de sair do Seminário, iniciava a aprendizagem duma nova vida; dava os primeiros
passos em liberdade, sem a protecção da instituição que me abrigara até ao
segundo período do sexto ano lectivo; foi muito importante ter um amigo como ele
!
Vêm-me à memória os bailes,
as idas à cidade tomar café (na aldeia ainda não havia este “pequeno luxo”), a festa
do povo, os discos da música ligeira francesa (Adamo, Michel Polnareff, etc.)
trazidos de Paris pelo pai.
Desde então, os encontros foram esporádicos, contudo o vínculo afectivo manteve-se sempre intacto.
Vivia tranquilo e convicto de que a vida dos amigos é eterna.
Até que surgiu a notícia. Que tristeza, a perda do Manuel Portugal (era assim que eu o tratava, porque percebi que ele não gostava da alcunha!).
Viria a casar com a prima
Hernanda.
Viviam-se tempos
difíceis, falta de oferta de trabalho. Por isso, e à semelhança da maioria dos
jovens naquela época, o Manuel emigrou para o centro da Europa, seguindo as pisadas do pai.
Ao fim de algumas décadas regressou definitivamente à aldeia que o viu nascer!
E lá se manteve o resto da vida.
Como foi possível a sua
partida? Tão novo! Custa acreditar que chegou a sua hora! mas… é a verdade da
vida! o reconhecimento de que é uma simples passagem!
Lembrei-me do Poeta: “todos somos passageiros num comboio de alta
velocidade…
O Manuel saiu no último
apeadeiro; imagino, a sorrir!