Tenho um fascínio por aguarelas.
Adquiri algumas ao longo do tempo.
Julgava que a aguarela seria um parente pobre da
pintura a óleo, até que um dia o meu sogro me confidenciou que a pintura de
aguarela era muito exigente.
Dizia ele com a segurança de quem percebe do assunto:
“A aguarela
tem que ser executada logo à primeira mão, não admite emendas ou retoques como acontece,
por exemplo, com a pintura a óleo.” .
A partir de então comecei a olhar com mais respeito para aquela
espécie, se bem que continuo a achar que a pintura a óleo pertence a uma
categoria superior das Belas Artes. E creio que é por essa razão que um quadro
a óleo de artista consagrado atinge preços de mercado exorbitantes, inacessíveis
ao bolso do comum dos mortais, como é o meu caso.
Fico-me pelas aguarelas. E mesmo assim já tive que dispender
algumas quantias muito significativas, que nos dias de hoje a bolsa não o
permitiria. São loucuras que, a partir d’agora, com os cortes nos vencimentos, tendencialmente
vão acabar!
Tenho pena, porque custa sempre abandonar uma prática
que nos dá prazer.
Para mim, a aguarela tem um significado muito mais
profundo do que o simples valor monetário correspondente ao preço de custo.
As minhas estão intimamente ligadas aos lugares onde foram adquiridas.
Madrid Córdoba Roma Florença Amsterdão são cidades que passam
cotidiamente diante dos meus olhos, graças ás aguarelas que ornamentam as paredes de casa.
Duas há, todavia, que suplantam todas as outras: de pequena dimensão, muito semelhantes, da autoria do mesmo artista. O
próprio, oriundo de um país balcânico recentemente emancipado, se encarregou de
as vender em plena rua de Londres. Autografou-as com carinho e
formulou votos de felicidades.
Um gesto de enorme contentamento e com uma ponta de vaidade.
Julgava eu que as aguarelas da rua seriam apenas mais duas para a
colecção, mas, afinal, cheguei à conclusão de que têm a marca do coração.
A aguarela, como a pintura acrílica podem ser realmente as parentes pobres da pintura a óleo. Mas o seu sogro tem razão. uma pintura a óleo pode ser retocada, até semanas depois de prontas, a aguarela, e a pintura acrílica não. Então em dias de temperaturas altas estão a acabar os traços e já estão secas.
ResponderEliminarPara mim que não sou artista, é no entanto mais fácil a aguarela ou a acrílica. Desde logo porque os materiais são muito mais baratos. Se não sair como quero o estrago é muito menor.
Muito bonito o seu post.
Um abraço e bom fim de semana
começa na palavra, água ou aqua, é bonita
ResponderEliminare a técnica é das mais difíceis
eu que rabisco apenas, sou um desastre a aquarelar
um abraço
adorei este post…
ResponderEliminarbeijinho!
Petrus, o teu sogro tem razão, pesar da aguarela ser uma parente mais pobre que o óleo ou mesmo que o acrílico ...exige muita destreza manual, rapidez e domínio da técnica... na minha opinião o guache é mais pobre ou tão simples quanto a aguarela mas muito mais fácil de pintar....idêntico ao acrílico, o óleo é brilhante mas não é para todos... sou da área e confesso que a lavagem dos pincéis e o odor que exala da pintura a óleo quando ainda se encontra em fase acção , ou antes de secar , é uma chatice ...são produtos muito fortes e tóxicos. Existem aguarelas lindíssimas, autênticas obras de arte. Orgulha-te delas!!! e têm histórias a contar, eu honestamente não lido bem com a aguarela....sou lenta... no entanto, aprecio quem sabe dominar! O teu texto está encantador, uma crónica muito agradável de se ler.
ResponderEliminarUm beijo
A arte vale para nós que a admiramos e para o artista que a cria. A técnica deve estar ao serviço da mensagem; ela não é a mensagem e há mensagens que só a aguarela as pode transmitir. Se são a preço acessível, tanto melhor.
ResponderEliminar__
Percorri as divisões da sua casa, que é como quem diz, entrei nos seus blogues para os conhecer. Gostei e fico-lhe grata pelo convite.
Cumprimentos